martes, junio 19, 2007

Vodca regada com política

Já algumas vezes me dignei como cidadã que sou de Portugal a ouvir com atenção alguns debates e entrevistas que se fazem durante campanhas eleitorais. De todos eles saía com uma sensação de ter dado um salto no tempo, no sentido em que tivera perdido minutos a fio assistindo a discursos que não me tinham enriquecido ou esclarecido em ponto algum.

Quando fui acumulando este tipo de "campanha televisiva" no meu currículo apercebi-me que sempre que se faz a um dos candidatos perguntas específicas de resposta difícil por falta de conhecimentos ou de sinceridade desaconselhada, respondem sempre no mesmo registo vago, ou contorneando-o com histórias de embalar fazendo alusão a casos que podem ser semelhantes ou dubiamente paralelos.

Todos eles falam e discutem ardilosamente entre si, ou pelo menos assim o dão a entender aos mais sentimentalistas, acusam e são acusados de demagogia, como se essa palavra estivesse em liquidação total. São ensinados a combater em modo de diálogo e a ter expressividade gestual. Será que é assim que de facto é a política? O certo é que nunca ninguém argumentou contra a própria demagogia de discurso deles, nem ninguém teve a ousadia de dizer que toda aquela parafernália de palavras não passam de uma autêntica palhaçada: têm direito de antena para expor os seus argumentos, no entanto nunca ninguém fica realmente esclarecido.

Será a política uma Gentlemen's League, uma ordem como por exemplo a dos engenheiros, onde depois de todo o espectáculo montado se juntam em salas com quadros de antigos aristocratas, se sentam nos seus sofás de orelhas, a fumar um bom charuto cubano e com o whisky de malte com duas pedras de gelo apoiado no braço do sofá?

Como ex-militante-orgulhosa do PSD onde percebi como se fabricam autênticos políticos, devo dizer que talvez esteja na altura de me remeter ao meu low-profile de votante e acomodar-me ao facto de ter de viver em sociedade paralela à dos políticos.

domingo, junio 03, 2007

Radio Activity

Poderia ser uma coincidência não se devesse ao facto de coabitarem no mesmo apartamento.

Ponte 25 de Abril, ponho na Marginal e os meus sentidos aprazem-me com o "Walk on the Wild Side" do ex-vocalista dos de então Velvet Underground. Já ia eu pelo Eixo Norte-Sul a deixar o carro andar com a energía que lhe restava da última aceleração (a 1,34€/l a sem chumbo 95 qualquer um aprende a conduzir em modo aforro, ou a tornar-se civilizado na condução), quando decido mudar para outra minha preferência. Esbocei um sorriso pois achei coincidência engraçada a Radar estar a passar a mesmíssima música do Lou Reed, inclusivamente achei que podería ser um sinal qualquer (ando numa fase mística: durante a época de frequências com dois dias até à data para fazer 30 exercícios diferentes, aprender 400 fórmulas e ainda encafuar a teoría toda na calculadora, é normal que o misticismo seja uma desculpa para acharmos que vai acontecer algum milagre inexplicável), tal era a coincidência. Mas depois lá me lembrei! "Ah! Aquele senhor de barba e óculos fundo de garrafa deve ter saído do estúdio para fumar um cigarro, ouviu o que estavam a passar no estúdio ao lado e deve ter achado boa ideia....".

Lá se foi o último alento da minha esperança, mas o sorriso continuou esboçado: ninguém deve resistir a este eterno clássico.

PS: Ó Radar, passem lá mais músicas do culto que aqui a gente gosta pá! Tipos Sonic Youth, Leonard Cohen, Velvet Undeground, Kraftwerk, Laurie Anderson, The Young Gods, ... Aqueles clássicos que hoje em dia só os velhos e os marados gostam!

E já que estamos numa de mandar recados às rádios...

PS2: Ó Clássica, porque é que andas a revezar a emissão com os da IURDE ou o que é aquela coisa? Ah! E agradeço desde já a emissão quase contínua de músicas à Benny Goodman em tom de grafonola e microfone que só grava os médios, Não sei porque é que andam a passar mais disso, mas concerteza deve ter havido uma fuga de telepatia...