lunes, junio 05, 2006

Morangos com Vodca

Sempre que um homem e uma mulher se apaixonam num filme, seja o fulcro do argumento ou não, acaba sempre com aquele beijiinho sem língua na boca, i.e. sempre com um final feliz.

Como sabem que o espectador gosta de sonhar, sabem que o que vende de facto é fazer o cliente sonhar, sobretudo o investidor feminino. Não obstante saio sempre destes filmes com rasgos romancistas a pensar o que se poderia passar depois de cada beijo, casamento, reconciliação, enfim, depois de cada happy ending daquele capítulo de cada fita cinematográfica.

"Até parece! Depois de passarem 50 minutos de tempo externo (sabe-se lá quanto em interno) a discutir histéricamente vulgaridades é certo e sabido que mesmo que se casem, no máximo dos máximos cinco anos depois vão divorciar-se! Pelos padrões comportamentais jamais poderiam viver como dois amantes enraizando hábitos ao longo dos anos..."

Um sem fim de pensamentos mais ou menos enrabichados, com alguma razoabilidade e sensatez levam-me a chegar a duas possíveis conclusões relativas às produções americanas*: ou os nativos são muito sentimentalistas e de facto este tipo de estórias existem mesmo na vida real onde é possível um homem/mulher altamente cultivado se apaixonar por outra pessoa inaceitavelmente bronca (entre outras hipóteses), ou então, porque a sociedade americana é percentualmente tão ignorante quanto as percentagens que levaram o Bush à victória por segunda vez, engolindo tudo o que passa na televisão/cinema, hipnóticos que distraem o cidadão de qualquer polémicazinha que não dá muito geito que venha ao de cima...

*Títulos de filmes americanos típicos que ajudam à compreensão da abordagem deste post:
"There's something about Mary", "Shall we dance", "Two weeks notice", "Along came Polly", "How to lose a guy in 10 days", "Hitch", "Legally Blonde", "Out of sight", "My boss's daugther", and so on and on and on and on...


Nota: Qualquer um dos filmes mencionados acima não fizeram parte do meu investimento como cinéfila. Tratam-se apenas daquelas programações inevitáveis das tardes de domingo dos canais portugueses privados, tardes essas que eu passo em casa a ressacar evitando juntar-me à multidão que sai habitualmente neste 7º dia da semana para laurear a pevide entupindo parques de estacionamento, cafés, esplanadas e jardins, geralmente fazendo-se acompanhar de um barulho estridente e insuportável que provoca qualquer tipo de sensações que interditam o descanso.


1 comentario:

efvilha dijo...

Olá!
Cinema! Belo tema para reflexão. É, e sempre foi minha paixão.
Mas há que se desconfiar das produções, principalmente as americanas, mesmo daquelas
"baseadas em fatos reais".
Seria interessante um estudo acadêmico que fizesse uma comparação com as beldades (e homens também) que aparecem nos filmes, e o que uma câmera captaria nas ruas de uma Nova Yorque, por exemplo.
Cinema! Seria ele a Arte das ilusões? Conteria ele, também, o mesmo engodo que tem o mundo da moda com a quelas modelos famintas, magérrimas? Seriam, essas, questÕes tolas? Qual a tua opinião.
Um cordial e virtual abraço, a ti, e aos teus amigos.
http://sonetosesonatas.blogspot.com
Evaristo